Os preços das casas dispararam nos últimos anos, mas deverão estabilizar nos próximos tempos, um pouco “à boleia” da construção nova, que começa a ganhar força. As estimativas divulgadas pela consultora Savills apontam para a existência de “mais de 2.000 novos fogos de habitação” previstos em projetos, um número ainda assim insuficiente “para colmatar a procura” existente, sobretudo para a classe média-alta e alta.
“Em 2019, o mercado residencial deverá iniciar um caminho de maior estabilização e consolidação dos preços, mais direcionado para o segmento de imoveis residenciais usados. A promoção de projetos direcionados para o segmento prime manter-se-á em alta, não sendo ainda expetável um ajustamento de preços visível e que produza efeitos na dinâmica do mercado residencial”, diz Alexandra Gomes, Senior Analyst Research Department da Savills Portugal, em comunicado.
Segundo a responsável, “a escassez de construção nova pensada de raiz para as famílias portuguesas de rendimento médio é um dos principais desafios que o mercado de promoção residencial enfrenta atualmente”.
Novos projetos prometem modernizar a capital
Para a Savills, “os negócios de ‘Development’ estão a mudar os centros urbanos das principais cidades” portuguesas, nomeadamente em Lisboa.
“As transações tidas como ‘Development’ chegaram a valores entre os 5.000 euros por metro quadrado (m2) e os 6.000 euros por m2 nos dois casos específicos mais emblemáticos (centro histórico da cidade de Lisboa): o quarteirão da Pastelaria Suíça (já num avançado estado de degradação) e o quarteirão do BPI, ambos na baixa lisboeta e que, em conjunto, somam um investimento superior a 125 milhões de euros”, refere a consultora.
De acordo com a empresa, os projetos previstos para Lisboa “prometem modernizar e criar novas centralidades” na capital. “São ao todo mais de 520.000 m2 que serão desenvolvidos para quase todos os segmentos de mercado (logístico/industrial é a exceção). De destacar a operação integrada de Entrecampos que agregará mais de 200.000 m2 destinados a habitação (700 fogos para arrendamento acessível e 279 destinados ao mercado livre), comércio, escritórios e equipamentos sociais, criando uma nova centralidade na cidade de Lisboa”, aponta.
Alexandra Gomes adianta que ao todo os projetos previstos para Lisboa, que se traduzem em “mais de 2.000 novos fogos de habitação”, são ainda “insuficientes para colmatar a procura existente, e na sua grande maioria dirigidos a uma gama média-alta e alta”.
Para a consultora, zonas secundárias da cidade, como Praça de Espanha/Sete Rios, Alcântara, Belém/Ajuda e o eixo ribeirinho entre Santa Apolónia e o Oriente, absorverão os restantes 320.000 m2 previstos, com especial destaque para o desenvolvimento do Hub Criativo do Beato, atualmente com 30.000 m2 e com projeto de expansão até 100.000 m2, e a construção de 600 novos fogos de habitação no Braço de Prata, numa área de 244.000 m2.